Cadernos NAUI > Edições Anteriores > Vol. 2, n° 2, jan-jun 2013

ISSN 2358-2448

 

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Capa 3

Editora Chefe
Alicia Norma González de Castells
Comissão Editorial
Beatrice Corrrea de oliveira Gonçalves
Claudia Petrelini
Dagoberto José Bordin
Jeana Laura da Cunha Santos
Mariela Felisbino da Silveira
Micheline Ramos de Oliveira
Simone Lira da SilvaRevisão de Texto
Dagoberto José Bordin
Jeana Laura da Cunha SantosDiagramação e formatação
Claudia Petrelini
Simone Lira SilvaCapa
Simone Lira SilvaFoto de Capa
Mariela Felisbino da Silveira

Ficha Técnica
Cadernos NAUI – Revista Eletrônica de trabalhos acadêmicos do Núcleo
de Dinâmicas Urbanas e Patrimônio Cultural (NAUI) do Programa
de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS) do Departamento
de Antropologia vinculado ao Centro de Filosofia e Ciências
Humanas (CFH) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Universidade Federal de Santa Catarina – Trindade – Florianópolis/SC
CEP 88010-970

Contato: cadernosnaui@gmail.com


Editorial

Quando lançamos o primeiro número da revista eletrônica Cadernos NAUI, em agosto de 2012, tínhamos como proposta compartilhar pesquisas e reflexões sobre antropologia urbana, patrimônio cultural e memória, a partir de uma visão integrada do fenômeno social e das relações de diversos atores sociais. Nessa segunda edição, a intenção inaugural se renova e se amplia. A revista ganha corpo com a participação de um renomado grupo de editores pareceristas de outras instituições nacionais e internacionais que compartilham seus saberes e experiências no campo das dinâmicas urbanas e do patrimônio cultural. O envio de textos por parte dos pesquisadores também se ampliou, o que leva os editores a uma seleção cada vez mais criteriosa.
Com isso, esperamos entregar ao leitor uma revista que a cada edição amadurece e se internacionaliza. Prova disso é a entrevista que fizemos com o antropólogo italiano Vincenzo Padiglione, professor da Sapienza Università di Roma. Com vasta experiência no campo da museologia, Padiglione tem se dedicado a estudar diferentes formas de museu etnográfico e a pesquisar a abordagem do antropólogo na construção da narrativa etnográfica. A convite de universidades brasileiras, entre elas a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o professor esteve no Brasil em 2011 e 2012 para divulgar seu trabalho. Em outubro de 2012, ministrou na UFSC a palestra “Narrar uma apropriação: narrativas de colecionadores”, para os programas de pós-graduação em Antropologia Social, Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade e Psicologia. Nesse período, os doutorandos Rafael de Oliveira Rodrigues e Simone Lira da Silva, ambos do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFSC (PPGAS) e membros do Núcleo de Dinâmicas Urbanas e Patrimônio Cultural (NAUI), aproveitaram para entrevistá-lo. O diálogo concentrou-se ao redor de três eixos temáticos: museus etnográficos interpretativos, colecionadores e a relação dos museus com a memória e o patrimônio.
Além da entrevista com o renomado pesquisador italiano, Cadernos Naui traz nesta segunda edição cinco artigos e uma resenha que lançam diferentes olhares sobre o patrimônio material e imaterial e as dinâmicas urbanas em diversas cidades.
A apropriação de bens materiais e imateriais, assim como todas as implicações políticas e sociais que ela envolve, é tema de dois dos nossos artigos. O ensaio “Entre espaços e representações: notas sobre a patrimonialização dos zeppelins do Recife”, de Rafael de Oliveira Rodrigues, propõe uma reflexão sobre as diferentes formas de apropriação dos espaços patrimoniais, tomando como base o processo de construção de um parque urbano na cidade do Recife, que durante a década de 1930 foi um aeroporto de dirigíveis zeppelins e que hoje tem sido alvo de uma série de projetos de intervenções pelo poder público. O autor discute as diferentes formas de atribuição de significados e apropriação deste espaço pelas instâncias do poder público do Recife/PE e pela sociedade civil mais ampla.
Já o artigo “Somos Todos Mestiços: Patrimônio Imaterial como Objeto de Política Pública no Brasil”, de Patrícia Martins, traz uma avaliação das políticas públicas direcionadas aos bens culturais registrados como patrimônio imaterial do Brasil. As discussões trazidas no texto têm por base a experiência da autora como consultora técnica em dois Planos de Salvaguarda: o ofício das baianas de acarajé, para o qual realizou trabalho de campo junto à Associação das Baianas de Acarajé e Mingau do Estado da Bahia (Abam), e o modo de fazer viola-de-cocho, cuja pesquisa foi desenvolvida nas cidades de Cuiabá (MT) e Corumbá (MS).
A atribuição de significados não é algo exclusivo das políticas de patrimonialização. Daniel Henrique França Lunardelli, no artigo “A ‘Cidade Milagre’: Novos Contornos de uma Florianópolis em Vias de Modernização”, faz uma reconstituição histórica de como se dá o processo de construção de uma nova imagem da Ilha de Santa Catarina a partir da década de 1970. A capital catarinense passa a ser representada na mídia como a cidade do “lazer” ou do “ócio”: uma cidade turística.
Ainda tendo como espaço de pesquisa a capital de Santa Catarina, Rose Mary Gerber apresenta o artigo “As floristas e o Sacolão: reflexões sobre o consumo de flores no Direto do Campo da avenida Beira Mar Norte, Florianópolis-SC”. A autora tece algumas considerações sobre a forma de consumo do rural pelos citadinos no Direto do Campo (antigo “Sacolão”). Detendo-se no comércio de flores, entrevistou floristas e clientes visando a problematizar questões como o gosto e as motivações para o consumo de tal mercadoria.
Por fim, Eder da Silva Cerqueira e Alex Pizzio da Silva, no artigo “Nuances e interfaces da informalidade na cidade de Palmas, capital do estado do Tocantins”, apresentam o perfil dos trabalhadores informais de Palmas por intermédio das variáveis sexo, idade, escolaridade, estado civil, naturalidade e condição da residência. Em sua pesquisa eles perceberam uma heterogeneidade e complexidade envolvendo o universo do mercado de trabalho informal palmense.
Além dos artigos citados, publicamos nessa edição uma resenha sobre o livro “Uses of heritage”, de Laurajane Smith. Nela, Alexandra Alencar mostra como a autora desafia a idéia de que o valor patrimonial é auto-evidente. Para Laurajane Smith, o patrimônio é usado como uma ferramenta cultural no processo de rememoração, esquecimento e construção de identidades. Nesse sentido, há uma defesa da idéia de que ele deve ser visto como um processo dinâmico, que emerge como uma idéia relacional na qual grupos e indivíduos interagem com lugares, construções, eventos e histórias.
Agradecemos a todos os autores e pareceristas que contribuíram com este número de nossa revista. Esperamos que esta publicação estimule a todos e que possamos receber cada vez mais artigos de maneira a fazermos um Cadernos NAUI cada vez melhor.

 Artigos

Entrevista com o professor Vincenzo Padiglione: museus etnográficos interpretativos, colecionadores e patrimônio
Simone Lira da Silva UFSC
Rafael de Oliveira Rodrigues UFSC

Entre espaços e representações: notas sobre a patrimonialização dos zeppelins do Recife
Rafael de Oliveira Rodrigues UFSC

“Somos todos mestiços”: patrimônio imaterial como objeto de política pública no Brasil
Patrícia Martins UFSC e IFPR

A “Cidade Milagre”: novos contornos de uma Florianópolis em vias de modernização
Daniel Henrique França Lunardelli

Nuances e interfaces da informalidade na cidade de Palmas, capital do estado de Tocantins
Eder da Silva Cerqueira UFT
Alex Pizzio da Silva UFT

As Floristas e o Sacolão: reflexão sobre o consumo de flores no direto do campo da avenida beira mar norte, Florianópolis
Rose Mary Gerber UFSC

Resenha
Patrimônio: para além da materialidade construída
Livro: SMITH, Laurajane. Uses of heritage. Routledge: New Edition, 2006, 368p.
Alexandra Alencar UFSC