Natália Rangel participa do Estágio Interdisciplinar de Vivência SC/2012

28/03/2012 14:43

Natália, aluna de graduação em Ciências Sociaisda Universidade Federal de Santa Catarina participou, em janeiro de 2012, do Estágio Interdisciplinar de Vivência (EIV). Neste espaço, ela nos conta um pouco de sobre como o estágio funciona e de sua experiência  junto a integrantes do Movimento das Mulheres Camponesas.

Natália Rangel

Em 2012, apreparação do EIV SC ocorreu em janeiro no Assentamento 25 de julho do MST, na cidade de Catanduvas. Os estagiários – vindos de diversas partes do Brasil como RJ, SP, MG, RS; da América Latina como Colômbia, Chile, Argentina e Uruguai; e da Europa (uma representante alemã) – ficaram 6 dias no Centro de Formação Olga Benário. Neste local, foram divididos em brigadas de 5 a 6 pessoas para cuidar dos afazeres diários de forma alternante, tais como: preparação de refeições, limpeza, alvorada (acordar os companheiros), mística (uma prática lúdica comum no meio camponês) e disciplina.

Estagiários com as bandeiras representantes dos movimentos sociais da Via Campesina

Estagiários com as bandeiras representantes dos movimentos sociais da Via Campesina

O dia era dividido em vários horários como “tempo-estudo”, “tempo-soneca” e os horários para realizar as refeições e a respectiva tarefa do dia da brigada do estagiário. Nesses dias, os temas debatidos no “tempo-estudo” foram: Análise de Conjuntura; Economia Política; Agroecologia; Gênero; Educação; Questão Agrária; Sementes Criolas; Plantas Medicinais; Juventude Camponesa; Questão Energética; bem como a apresentação dos movimentos que compõe o EIV:Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Movimento das Mulheres Camponesas (MMC), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). Todos os dias contaram com a participação de integrantes dos movimentos sociais de forma que o estagiário se familiarizasse mais com o assunto. Ao final desta etapa, o estagiário foi enviado a um desses movimentos sociais. A seleção do local destinado para cada estagiário foi realizada pela Comissão político-pedagógica do estágio (formada por ex-estagiários), que tentam conciliar as vontades e inclinações dos estagiários com o número de vagas disponíveis em cada movimento.

A minha vivência ocorreu no município de Quilombo, localizado no oeste catarinense. Fui selecionada para uma pequena propriedade do Movimento das Mulheres Camponesas.

Uma mesma família dividia a propriedade em que fiquei e contava com 3 integrantes do movimento das Mulheres Camponesas: dona Adélia de 73 anos, morando na casa com o marido, o filho, a nora e dois netos; Zeli, de 31 anos, morando com a sogra, o sogro, os dois filhos e o marido; e Edivânia morando na casa ao lado com o marido e dois filhos. A propriedade contava com um aviário, criação de porcos, plantação de milho para a ração dos animais, criação de gado de corte e pequenas hortas com plantação de vegetais para consumo próprio.

O trabalho das mulheres é variado, trabalham nos afazeres domésticos e nas pequenas hortas, plantando, carpindo e colhendo; Em alguns momentos uma delas realizava o trabalho, considerado no discurso dessa família camponesa, como trabalho “de homem”:, como operar o trator, limpar o chiqueiro e descarregar os pintinhos. ,Além disso, uma delas trabalhava diariamente na ordenha do leite às 7:30 e às 17:30. Minha estadia junto a esta família durou 10 dias , durante os quais acompanhei, auxiliei  e aprendi as tarefas realizadas por estas mulheres em seu cotidiano . Também  participei da interação social do local, frequentando inúmeras rodas de chimarrão e participando de alguns bailes.